Na foto: Ema (de roxo), seus irmãos, cunhados e seu esposo Laurindo (de listrado)
O namoro dos dois pombinhos foi bem simples e durou curtos seis meses. A paixão não ocorria como nos tempos atuais: não havia o sofá dos namorados, mas sim uma banca, onde ficavam o tempo sentados proseando (conversando), sem televisão (extinta, na casa deles, pelo menos), sem beijos e nem abraços excessivos.
Sair sozinhos? Nem pense. Mas lugar para ir seria outra dúvida. Era pegar ou largar. Os domingos eram marcados pelas missas matutinas no centro do vilarejo, ao final, cada um ia a sua respectiva casa almoçar e após, ele ia até o lar dela. Como? Sem motocicletas nem fuscas. O cavalo era o meio de transporte dele e, além de seu corpo com vestimentas humildes, trazia a paixão por ela. (Que lindo!)
Dona Regina via no topo do morro Laurindo se aproximar e saía gritando:
— Olha lá em cima do morro. O Tamanheto “tá” vindo — berrava.
Na foto: o rio Turvo em que atravessavam para fazer filó.
As festinhas dos jovens eram em filós. A gurizada deixava os pais em casa dormindo e iam para a casa dos vizinhos para cantar, comer, dançar ao som de gaitinha de boca - dos irmãos de Ema, inclusive. E nem ligavam que o trajeto renderia boas aventuras depois do trabalho: atravessar o rio de kaiko e passar pelo túnel com fogo e querosene para iluminação. A turma se misturava entre primos, amigos, meninos e meninas. Na noitinha, voltam para casa, e de cima do morro comiam amendoim, pinhão e batata-doce (imagina os gases que isso rendia!)
Depois de seis meses de namoro, Laurindo pediu a mão de Ema em casamento para Hermenegildo. A resposta foi negativa. Só quando ela completasse seus 18 anos, ele permitiria o enlace matrimonial. Ainda deram sorte pois faltava pouco tempo para Ema completar a maioridade. O pior ainda estava por vir… após sair de casa.
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